Eduardo Farias há muito que, como tantos outros, buscou longe, muito longe, um futuro melhor, não deixou nunca mesmo assim, de ter um cantinho no seu coração que reserva estóicamente como que mantendo imutável um pouco do seu ser que nasceu um dia nesta terra pequenina da Freguesia de Agadão.
Mandou-nos um poema de sua autoria que, ilustra este "amor" incondicional a este torrão das faldas do Caramulo.
Obrigado Eduardo.
A minha velha igrejinha
De roupa toda branquinha,
Por entre o verde alegre sorri.
E os sinos de seu campanário
Que de penas são rosário,
Hoje vibraram sons de festim
Dentro de mim.
Como toque de varinha de condão,
Sou criança novamente,
Aos foguetes, em dia de festa
Com banda e procissão.
De verde estão os caminhos
Juncos, erva-doce e rosmaninhos ,
Sopra a doce aragem carregada
De perfume intenso
Alquimia de cânticos e incenso.
Sob o pálio sagrado a Hóstia Santa
E os santos em seus andores
Lá vão...
O povo reza e canta,
E o sol sorri mais então.
Alimentada a alma,
O corpo clama:
Venha a chanfana e, o leitão,
O pão-de-ló, a aletria
Que hoje é só alegria;
Mistura-se o divino e o profano
Ao tinto bem regado;
E porque hoje é dia de festa e santificado
Um copito de tinto a mais não é pecado.
No arraial lá no Cruzeiro,
Corre solto o arrasta pé,
E eu junto ao coreto de pé,
A deliciar-me com a tuna de Aguim
A tocar e a cantar, outra vez, assim:
“Adeus ó terra,
Adeus linda serra” ...
Obs.: festa maior, tradicional, ao Sagrado Coração de Jesus, embora a padroeira seja
Santa Maria Madalena.