domingo, 13 de setembro de 2009

VILA MENDO



Vila Mendo é aldeia muito antiga e já documentada nas inquirições de D. Afonso II em 1220.
Calcula-se que a casa de Vila Mendo de Cima, a maior, hoje restaurada e a de Vila Mendo de Baixo, as duas maiores, foram construídas ao tempo da construção da Igreja Matriz da Freguesia.


Conforme documentação, aqui nasceram os Padres Manuel Duarte f. a 3 de Agosto de 1761; Padre António Henriques, 1624, do Mosteiro do Buçaco. Em época menos recuada, o Padre Fr. Manuel de Santa Rosa, carmelita. Padre Geraldo Gomes Andrade Ferreira em 1827, entre outros.

Portanto, Vila Mendo é lugar que desde muito cedo mantem a tradição de lugar onde a cultura foi previligiada.


Eduardo Almeida Farias

16.Ago.2009




A serra escrita na Pedra


"Era noite. Noite fria e escura, escura. Deixámos a Lomba em direcção ao Caselho, de motorizada: éramos cinco, tudo malta nova.

A noite estava mesmo fria! Durante o caminho não falámos. No nosso pensamento a responsabilidade do que representávamos naquela noite, noite tão fria e escura.

Quando chegámos, por fim, ao Caselho, dfepois de vencermos uma distãncia que os Homens terão de fazer desaparecer, de esquecer, eu confesso que estava nervoso. Sentia em mim, a confundir-me, a encorajar-me, a multiplicar-se, o estado de espírito dos grandes momentos.

Pouco depois, na minha frente, na nossa frente, o Povo. O Povo do Caselho, quase todo o Povo do Caselho. Homens que podiam ser nossos Pais e Avós, homnes da serra, homens rude, homens sãos, homens desengravatados, verdadeiros homens.

Na nossa frente a gente queria palavras, queria verdade. Queria Encontro. Sim, naquela noite fria e escura, lá na serra, no Caselho, houve Encontro. Não, não prometemos estrada alcatroada ou luz viva ou mil mil e uma premêmcias, tão justas como o direito de nascer. Prometemos povo nas palavras, no pensamento, na acção. Prometemos lutra pela Justiça Socia, pela verdade do povo, garantimos o vencer da distância, o acender da Luz, luz viva, do espírito. Relembro as palavras: "... A malta nova de Agadão não veio garantir que, num prazo mais ou menos curto terão uma estrada de eterno alcatrão ou luz eléctrica para todos. A nossa missão não é fazer aquilo que, aparentemente são as vossas necessidades mais fortes, as vossas grandes necessidades. Mas o Centro Cultural de Agadão garante que vai lutar por tudo isso, pela Justiça Social, pela verdade do Povo."

"Á procura da serra pela noite dentro", era assim que escrevia José Carlos Carvalho. A catorze de Outubro de 1973 na página dois do Jornal Encontro, seis páginas em papel formato A4, mil exemplares policopiados e a stencil que, em seis edições - até Abril de 1974 - publicaram a actividades do CENTRO CULTURAL DE AGADÃO, movimento da malta nova da freguesia que procurou, com o apoio de estudantes universitários da região, dar voz aos anseios da serra, lançando iniciativas e abrindo os alicerces para o que é hoje o seu Centro Cívico.

"Centro Cultural de Agadão, 36 anos depois", seria assim uma boa razão para uma reflexão de fim de semana, lá na nova sede da Junta e depois das eleições autárquicas de Outubro, já não á luz do petromax do Ti Alípio, Zé Martins ou Aníbal Oliveira, mas com a força das eólicas da Catraia de Cima.

Analisar o estado da serra, os caminhos percorridos e a percorrer e lembrar os que partiram e os que ficaram.

E porque partiram e porque ficaram.

Pensas nisso Beatriz?

José Neves dos Santos

(retirado de Soberania de Povo e publicado com autorização do autor)
(NA FOTO O SAUDOSO TI ALÍPIO E PARTE DA SUA FAMÍLIA)